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domingo, junho 07, 2009

O papel da mídia nessa tragédia toda

', Eu até me sinto insegura de escrever aqui sobre jornalismo, mas ai vai, minhas considerações sobre esse circo midiático ao redor do acidente, porém, antes tenho que dizer como me sinto a respeito, e quais são meus sentimentos em relação a toda essa tragédia.

Eu não sei sinceramente o porquê ter me deixado tão abalada, principalmente agora depois que me acalmei e começo a ver logicamente. Na segunda-feira, quando li imediatamente sobre o acidente eu entrei em choque. Sério, comecei a chorar e sim fui egoísta. Pensei logo, poderia ter sido a minha familia. Depois, pedi a Deus não conhecer ninguém no avião. Esse vôo é usado por muitos dos brasileiros que eu "conheço", então uma amiga que eu sabia estaria de férias agora. Não sabia a data do embarque dela, nem a volta. Fiquei apreensiva e pensava nela, nas crianças e começava a chorar de novo. Eu não consegui ficar imune, não consegui agir com lógica. Eu pensei das vezes que eu entrei no avião e quando chegava a manhã olhei lá pra o mar no fim da travessia e agradecia que tudo estava bem, pq a angústia dos minutos antes do acidente é o que mais me deixa angústiada. Não é a morte, mas esse malditos minutos que antecendem a tragédia, a pequena linha entre a vida e a morte. A conciência, a idéia que tudo acaba ali, isso sim me deixa apavorada. Da última vez, viajamos com a Iberia e teve turbulência como eu nunca tinha experienciado, o Aad entrou em pânico. ficou pálido e segurando minha mão com força. eu, só queria que aquele bip chato pra apertar os cintos desligasse. Apertei o cinto virei a cabeça e disse pra ele ficar calmo. Pensei se acontecer..que eu esteja dormindo...então voltei a dormir.

Essa inquietação, esse desespero sobre o acidente da Air France eu não entendo. Mas, a cada noticia lida sobre ele me fez chorar. Olhei pra meu filho e fiquei imaginando se fossemos nós ali dentro, e senti dor. Medo por ele, medo de fazer minha familia sofrer o que a familia de 228 pessoas estão sofrendo.

Se os jornais e outros meios de comunicação não divulga detalhadamente o que está acontecendo, eu ficaria furiosa. Acharia que eles estariam sendo relapsos. O tom é dificil de manter, se eu fosse a profissional escrevendo a matéria, se fosse eu quem estivesse investigando a histórias sobre as vitimas, eu não ficaria imune a dor. Eu passaria isso, sim seriam narrações dramáticas porque eu gostaria que as pessoas tentassem entender a dor dos parentes. Eu acredito piamente, que essa seria minha maior prestação, fazer o leitor sentir por todos eles. Eu sempre achei muito complicado o fator NEUTRALIDADE (coisa que eu nunca acreditei existir) no jornalismo. Eu penso ser desumano chegar no jornal e escrever assim, entre título e informação:


"Avião da empresa francesa Air France desapareceu dos radares

Hoje um avião da Air France desapareceu dos radares, ainda não
se sabe o que aconteceu. Os destroços já estão sendo procurados assim como os corpos das vítimas, estão engajados na busca a Força Aérea Brasileira, Francesa e o governo Francês pediu ajuda ao Governo Americano pra ajudarem na busca. Mais informações sobre o acidente amanhã".

E é só. Como leitora eu quero saber detalhes, como jornalista, como oferecer detalhes ao leitor se não há informações suficientes? Partamos para as teorias, o que poderia ter acontecido? Então procuremos expecialistas, cientista e o escambal. Vamos ver quem acerta. Todo mundo, todo mundo mesmo tem a sua teória do que tenha acontecido, vamos deixar as teorias serem debatidas, dizer pra o leitor...no final da história eu me sinto como leitora informada que há gente pensando nisso.

Clicando no link no cabeçalho do post vocês irão direto a um dos blogs do Global Voices, a jornalista em questão Thiana Biodo, fala sobre o sensacionalismo que esta sendo tratado o caso. Sim, há, não tem jeito de negar. Mas, essa questão do politicamente correto não vende jornal, isso eu aprendi logo e muito cedo. E não foi nas salas de aula, foi um único episódio com o diretor de então do Jornal Gazeta de Alagoas, ele me mandou sentar do lado dele e ler a materia da primeira página do jornal. Me mandou pensar num titulo. Eu rapidamente disse pra ele e ele disse: Muito correto, e muito bom. Mas, não é o suficiente para o leitor se interessar. Então eles escreveu o título, o mesmo só usando outras palavras. E eu fiquei horrorizada, achei desrespeitoso. E ele me deu aquela aula em algumas palavras. Que eu tivesse o discernimento sobre o que era sensacionalismo, o que era politicamente correto. Porém, que eu reconhecesse que os meios de mídia eram também empresas que precisavam ganhar dinheiro. Que precisam pagar salários e bons, porque os mesmos jornalistas que saem em passeata sobre o politicamente correto, são os mesmos, e os primeiros a fazer passeata sobre aumento de salário e exigir que o pagamento seja feito. Jornalista tbm é funcionário. O que precisa é encontrar o balanço. E isso é dificil. Palavras do editor. Nem vou dizer quem foi o editor pra não acontecer comoção por parte de algum eventual colega que venha aqui me malhar.

Ela cita outro blog e esse não poderia deixar de fora pelo fato de ser nordestina, ainda por cima agora que há uma discussão no Orkut (com o título:enchentes no nordeste evidencial preconceito) sobre como a mídia "desrespeitosamente" está "boicotando" as noticias das chuvas nos Estados do Nordeste e na minha cidade. Onde morreram pessoas soterradas, inclusive uma mulher grávida de 8 meses.

Em um pedacinho ele fala sobre os jornais sobreviverem da desgraça alheia, no fim do post ele diz: "O que que é um aviãozinho mais cair "? Sou eu apenas que está sentindo? ?Eu achei uma falta de respeito, concordo com ele sobre a falta de equilibrio na mídia, sobre o fato de haver falta divulgação sobre um problema que assola a cada ano várias cidades do nordeste, mas que quando aconteceu com Santa Catarina foi um furdunço só, como se isso fosse algo extraordinário. Contudo, dizer que essa tragédia é corriqueira. É falta de respeito com os parentes das vítimas.

Talvez eu seja inocente, que eu não tenha anos de experiência. Mas, analisar as coisas apenas por um lado não é o meu forte! Deixe que os parentes decidam se divulgam ou não o nome dos seus que pareceram no acidente. Porém, a divulgação dos nomes eu agradeço, felizmente para mim eu não conhecia ninguém entre as pessoas, sinto um grande pesar pela família. Quem dessas pessoas não gostaria nesse momento estar no nosso lugar de telespectador ao invés de personagem ativo desse drama. Pergunte a qualquer um deles, eles trocariam com certeza de lugar comigo por exemplo.

E para o meu colega blogueiro do Psysapiens no Posterous, se o jornal não vende demite. Nesses últimos 10 anos, que eu sou considerada jornalista, vi a internet se tornar popular, comece 12 anos atrás apenas e vi o salto que esse meio de comunnicação sofreu. 10 anos atrás nós já discutiamos o futuro dos jornais escritos com o advento da internet. Eles estão ai, lutando pra sobreviverem AINDA. Então chegaram os blogs, podcasts e jornais de graça como o Metro e o Spits. Eles continuam, não tão firmes e fortes, mas continuam. Então chegou a crise, e agora está dificil de aguentar. O Algemeen Dagblad na cidade de Roterdã teve que demitir 2 de 3 jornalistas da empresa para conseguir se segurar e não fechar. Sim jornal precisa ganhar dinheiro, pq dele dependem muitos funcionários e toda uma cadeia de negócios e empresas e mais funcionários.

Acredito sinceramente que o importante e essencial ao jornalista é, que ele saiba a diferença entre praticar jornalismo e escrever matérias. Não perder o discernimento, mas não deixar de levar em conta a questão empresa. Eu talvez, pelo fato de não ter nunca trabalhando numa redação tenha o afastamento pra falar o que eu falo. Ou talvez não. Mas, eu entendo que pra sobreviver nem sempre fazemos o que gostamos, ou o que é certo. Se não eu não estaria carregando caixas e sendo tratada como estrangeira estupida por um bando de gente menos escoladas que eu. E sim, a Adidas diferente da politica que existia na Reebok, levantam e esfregam o diploma de HBO na cara dos funcionários. Mal sabem eles, que entre nós assim como eu, existem pessoas com diplomas universitários e bem mais capacitados que eles. A única diferença, eles falam o holandês melhor que nós. Mas, isso é outra história.

E voltando ao assunto do post, eu aplaudo. Opinião são bem vindas, favor ou contra, que eu concorde ou discorde. Mas a minha é essa ai em cima.

P.S - marido desistiu de ler.

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