8 anos morando no Leliestraat 70, lá onde tinha a vista mais linda da janela que eu poderia sonhar. Foi lá que o meu filho nasceu. Aguentamos 8 invernos sem aquecimento central, até esse último. Não estava mais dando, sofrimento pra tomar banho, pra ir ao banheiro..pra lavar a louça. Nos últimos dois meses com a temperatura abaixo de zero foi de chorar. Tiago se recusava a tomar banho, vivia com o nariz entupido sem estar resfriado.
Hoje dia em que mudamos nosso endereço no "Gemeent", entrei no apartamento vazio pela primeira vez. Senti um aperto no coração, as lágrimas rolaram quando o Adriaan perguntou o que eu achava, não se enganem to feliz por sair de lá. Mas, sinto imensamente que o prédio será derrubado. Daqui a pouco eu não vou poder mostrar a meu filho onde ele nasceu. Sei , lá. Não é importante, acho eu. É legal só isso. E também entendo, o prédio é feio pra caramba e financeiramente falando é mais negócio derrubar que renovar. No sábado, pela primeira vez limpei a minha porta cheia de neve. Usei uma vassoura pq não tenho ainda uma pá especial. Minha vizinha, de quem falo depois, me ofereceu a dela e pouco mais de 1 quilo de sal pra jogar na calçada. Então me dei conta de como sinto saudades disso, da vizinhança ao meu redor. Na minha infância tinha a Dona Pipi (nunca soube o nome dela), varrendo a calçada às seis da manha. Me via de uniforme e mochila e perguntava se eu estava indo para a escola. Dona Vitória sentada à porta nos fins de tarde. A meninada brincando em frente de casa. Depois, os velhos morrendo, os filhos foram vendendo as casas, que foram derrubadas e se foi construindo prédios comerciais nos lugar. E aos poucos fomos os últimos a ficar. A rua a noite passou a ser esquisita, escura e só com o movimento da escola municipal em frente.


Ele ficou abismado com o que foi feito em termos de renovação do prédio, pela empresa que aluga. Nos elogiou e convidou o Tiago pra depois olhar os peixinhos na casa dele.
Enfim, hj foi a última vez que eu entrei no apartamento. Agora é terminar a arrumação aqui, continuar com o restante dos meus projetinhos, aproveitar o MEU zolder, que vai virar o big projeto, quarto de hóspedes/quarto de trabalhos manuais da Adriana. Minha máquina de costura antiga, comprada numa feirinha de quinquilharias por apenas 25 euros já foi lá pra cima. Vai ganhar lugar de destaque em cima da mesa de fórmica setentista que foi deixada pela familia do senhor que morou aqui. Sem problemas, gosto de vintage.
Agora é virar a página e quando der saudades, passear pelo Google maps, olhar o Aad na janela do apartamento, e fazer um quadro com as fotos mais bonitas da paisagem das nossas janelas, lá do Leliestraat.
O cachorro é um caso aparte. O Mowgli não está se adaptando. Na primeira oportunidade ele escapa e fica tentando entrar no carro. Nesse dias que o Aad estava trazendo a tranqueira o carro ficava com a porta aberta e ele entrava. Não tinha biscoito que o fizesse sair de lá. Só pegando na coleira e arrastando. Tô com pena dele, ainda não se situou e toda noite se a grade pra escada não estiver no lugar, pode contar que ele vai subir e ficar na porta do nosso quarto. hj de manhã ele estava na escada se assustou e tentou correr, terminou se estabacando escada abaixo.
P.S - Ana Paula, tem uma porta da cozinha pra sala de jantar/estar. A porta do corredor é fácil, mas com tanta porta perdia espaço na cozinha e no hall não tinha onde colocar o cabide de casacos. Por isso ela foi fechada! Do lado da cozinha eu coloquei uma mesinha, com laterais que dobram, contra a porta e agora pra tomar um lanche sem precisar desarumar a sala de jantar ou mesmo usar como aparador. Coloco fotos depois quando tudo estiver arrumado.
0 soltaram a lingua:
Postar um comentário