No meu círculo de amizades nunca vi cor de ninguém, muito pelo contrário. Foi um dos maiores choques culturais pra mim quando eu cheguei, comecei a ouvir coisas do tipo, esse lugar só vai negro. Ou aquele só vai turco. eu nunca tinha ouvido esse tipo de separação.
Então ontem, quando fui pra Roterdã com a Jaque, me deparei que a multiculturalidade de Roterdã se tornou um mito. Eu não vi quase holandeses nas ruas, somente estrangeiros. Grupos de rapazes se empinhavam ao logo dos corredores estreitos, que a prefeitura criou, ao lados do caos da reforma do Lijnbaan. A gente não tinha como passar sem ter que passar no meio deles, e se ouvia aqueles comentários de baixo calão, das cantadas mais vulgares que as conhecidas "de pedreiro".
Eu tenho que dá a mão a palmatória e reconhecer hoje que marido tem até um certa razão no que diz. Ele sempre reclama que já não se sente mais confortável no país dele, muito menos em Rotterdam. Quando ele anda por lá e passa um grupo de rapazes marroquinos, turcos ou antilhanos. Ele me contou que tem receio desses grupos pq nunca se sabe o que passa pela cabeça deles.
Ontem ainda fomos "seguidas" por um marroquinho, tentou puxar papo com a Jaque. E eu percebendo que ela estava se irritando resolvi interceder, comecei a fazer brincadeira e ele tentando paquerar falando francês e holandês. Em certo momento eu disse pra ele, que ele estava perdendo tempo e lábia conosco pq éramos casadas, mas ele só largou do pé quando a gente disse que tinha filhos em casa. Ele então educadamente deu boa noite e foi embora. Logo depois em frente ao antigo Baja Beach club, um pulou na minha frente e eu me desvencilhei e ele foi passar a mão no meu cabelo. Isso me dá uma raiva.
O que é que eu sou hoje em dia? Eu decididamente não sou racista, pq como disse antes, a cor de ninguém nunca me disse nada. Na verdade, é uma coisa insignificante pra mim. Não tenho problemas com mulçumanos, acho até tenho mais com católicos. Mas, eu não gosto desse "take over', eu vim pra cá e não imponho minha cultura pra ninguém. somente vejo que a Holanda não está se multiculturalizando ela está sendo tragada e perdendo a própria identidade. E isso é triste. Como fui eu que vim pra cá tento me adaptar, gosto de drops, areque e como chocolate granulado no pão. Apesar disso, ainda detesto festas de aniversários holandeses e essa mania de felicitar todo mundo presente. De ser meu aniversário e eu arcar com a festa e essa mania deles dizer: Isso não é problema meu. Ok, eu não falo holandês perfeito, mas consigo bem manter uma conversa com alguém.
Misturar é legal, enriquece. Contudo agir como um vírus, destruindo o núcleo de uma cultura é outra coisa. Porque esses estrangeiros vão pra outro país e não se adaptam? Porque eles têm que impor a sua cultura, não tentam aprender mais sobre o país que bem ou mal os acolheu? Uma das razões que eu não me visto dos pés a cabeça de verde-e-amarelo aqui pra ir a algum lugar é esse. Eu talvez tenha uma t-shirt, um boné, uso as cores num colar, num brinco. E na maior parte do tempo, durante uma copa do mundo.
Eu tenho sérios receios de falar e escrever sobre isso, pq tenho medo de não conseguir dizer o que sinto a respeito.
Enfim, independente da nacionalidade, eu queria que se algum estrangeiro cometesse um crime aqui fosse deportado para seu país de origem.
Hoje tive que colocar pra fora isso. E aos mais sentidos, eu acredito que integrar é necessário se vc imigra. Uma coisa é vc fazer parte de um grupo que se encontra, fala e faz festinhas pra os filhos terem contato com a cultura do país de onde se veio, mas sou contra a formação das panelinhas culturais. Eu sou brasileira, nada e nem ninguém vai mudar esse fato. O Brasil é lindo e sua gente receptiva e alegre. O Brasil tbm não é o melhor do mundo, não é o maior. É o meu país com muito orgulho. Mesmo assim, eu moro na Holanda! E respeito esse país.
Hoje tive que colocar pra fora isso. E aos mais sentidos, eu acredito que integrar é necessário se vc imigra. Uma coisa é vc fazer parte de um grupo que se encontra, fala e faz festinhas pra os filhos terem contato com a cultura do país de onde se veio, mas sou contra a formação das panelinhas culturais. Eu sou brasileira, nada e nem ninguém vai mudar esse fato. O Brasil é lindo e sua gente receptiva e alegre. O Brasil tbm não é o melhor do mundo, não é o maior. É o meu país com muito orgulho. Mesmo assim, eu moro na Holanda! E respeito esse país.
2 soltaram a lingua:
Cada imigrante é embaixador/embaixatriz do seu país. Infelizmente esse tipo de comportamento só da mais razão para políticos como Wilders. No final quem paga a conta, são todos os imigrantes.
Você está certíssima, parabéns por todos os comentários, eu estudei em vários países da Europa e sempre disse isso em relação aos meus colegas intercambistas - "diferente não é ruim nem bom, é somente diferente, é preciso sempre contextualizar!"
Afinal, já diz o ditado de vários séculos, "Uma vez em Roma, aja como um Romano".
Respeito é bom, para quem quer ser respeitado é preciso respeitar também, Roterdãm é um escandalo como vc descreveu, a multiculturalidade agride pois não integra nem acrescenta, muito pelo contrário, da maneira que está só serve para discriminalizar ainda mais.
Assino embaixo!
Mônica Peres
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